Em todos os momentos de nosso dia-a-dia somos confrontados com armadilhas do governo. Enquanto em outros países o governo existe para servir ao povo, para atender a necessidades básicas como infra-estrutura, educação, saúde, transporte e segurança, aqui nesta terra de conformistas, o governo existe para transformar uma pequena parcela da população em milionários. Apenas isso!
A corrupção, como é um segmento muito interessante do PIB informal, trata de fortalecer dois artifícios essenciais – a de alienar a população e a de tornar o sistema público algo impossível de administrar. Quanto a este último, tornaram a máquina pública tão complicada, confusa e incoerente que, além de facilitar esconder os atos mais corruptos dentre as papeladas, também cria as dificuldades e impossibilidades, mas onde tudo tem seu ‘jeitinho’ de resolver, basta uma pequena propina aqui, outra ali, mais adiante uma nova sequencia de propinas, e assim vai.
Nada, neste país, custa o que devesse custar! Frase esquisita, mas pertinente. Deve-se considerar que para produzir qualquer bem, a indústria recebe todo mês visitas forçadas de fiscais municipais, tributários, trabalhistas, bombeiros, polícia, políticos, sindicatos, crime organizado, ainda vai a fiscalização sanitária, IBAMA, presidente do condomínio, e os pastores evangélicos da vizinhança!
Cada uma destas visitas obriga a empresa a pagar alguma ‘taxa’, sob a ameaça de fecharem suas portas – de uma ou outra maneira todos eles têm esse poder. Esse custo, que se chama de Custo Brasil, é repassado para o consumidor, que paga em média 100% a mais, que sua contra-parte em qualquer outro país.
Pasme, os mais fáceis de lidar e provavelmente os mais francos, por incrível que pareça, são os representantes do crime organizado, que inclusive dão recibo para debitar do imposto de renda e ainda dizem ‘obrigado’. Praticamente o mesmo se aplica nos ramos de imóveis, serviços ou qualquer outra coisa.
O lucro de uma típica empresa se perde nesse Custo Brasil, forçando o empresário a entrar, também, no ciclo vicioso da corrupção, obtendo seu lucro real na sonegação e comercialização de notas fiscais. E o buraco apenas cresce...
O processo de alienação conta com a plena colaboração dos sistemas de comunicação nacionais e internacionais. O conteúdo escolar, por exemplo, é hermeticamente travado, para controlar o nível de inteligência, cultura e criatividade das futuras gerações. Além de recorrer a todos os artifícios de alienação, como a música imbecilóide, novela sem conteúdo e programas de TV, cujo público atinge 99% da população (Faustão, BBB, Caldeirão, Aquela-p*ta Gimenez, etc.), os jornais tomam extremos cuidados de jamais tocar em assuntos pertinentes à soberania nacional e à defesa do povo brasileiro, e tampouco aprofundam quaisquer assuntos um pouco mais relevantes.
A bobagem é a principal notícia do dia-a-dia – desde os insignificantes bois de piranha que o próprio sistema lança para aparentar algum progresso, como o José Dirceu e Marcos Valério, alguns anos atrás, e agora o Roberto Arruda. São meros personagens que já serviram ao grande esquema e agora ficaram obsoletos. O sistema os joga na mídia como os grandes corruptos do Brasil, fumaça para chocar a população, que não percebe o verdadeiro poder que há por trás.
Jamais cai um José Sarney, Antonio Carlos Magalhães, um Lula ou Lulinha. Estes controlam o verdadeiro poder do governo, ganham maços de dinheiro por quilo, mas ninguém trata de investigá-los, de abrir processos contra eles.
Esse é o papel da alienação, desviam o foco das grandes questões para a população passar meses discutindo a vida destes políticos menores e insignificantes, sem falar no futebol e carnaval. Ocasionalmente ocorre algum crime bárbaro envolvendo gente da classe média, que também se enquadram na ilusão de fumaça, como o Arruda e Dirceu. O caso dos Nardoni foi um grande exemplo disto. A coisa tomou proporções que tinha mendigo de rua acenando cartaz em frente ao tribunal.
Esses episódios distraem a população e a faz acreditar que há, neste país, alguma justiça, mesmo que se saiba que apenas depende do advogado e do montante de propina a disposição para condenar ou julgar uma pessoa. Condenam um ou outro político por corrupção – mas são os Temmer e Suplicy, que ficam jogando pedra, os maiores corruptos, e que acumulam décadas de cadeira sem jamais haver feito algo em beneficio do país ou daqueles que os elegeu.
Enquanto que um governadorzinho de merda rouba dos cofres públicos na troca de lâmpadas e postes de rua, os maiores corruptos do Brasil aprovam leis, projetos e programas que tornam a roubalheira sistêmica, universal e, pior, legalizada. É o caso do PAC, que constrói casas populares, o próprio projeto das casas orça cada unidade em R$ 9.000, mas os contratos para empreiteiras têm em média o valor de R$ 34.000 por unidade. Como isso é possível? Fácil, se compra todo mundo e o projeto passa a ser perfeitamente legal.
Outro novo esquema, o qual provocou este lamentável artigo, é o caso das novas tomadas elétricas – o ‘novo’ padrão – não só aprovado pelo INMETRO, mas também feito obrigatório pelo governo federal. O projeto foi proposto, aprovado e implementado na calada da noite. Sequer os comerciantes de artigos eletro-eletrônica foram avisados, que dirá a indústria.
O assunto merece ser discutido em várias óticas – (1) requisitos de invenção (2) praticidade; (3) mercado nacional; (4) economia nacional e ambiental; (5) interesses. A seguir, todos os argumentos para as cinco óticas.
1. Requisitos de Invenção
O órgão responsável pelo registro de marcas e patentes do Brasil chama-se INPI. Dentre os requisitos que esse órgão exige para registrar uma nova invenção é de ser algo melhorado, em contraste a algum outro produto que se pretende substituir, caso contrário, não é concedida sua patente.
A tomada, que o Brasil agora impõe como padrão, não trás nenhum avanço tecnológico, nenhuma melhoria de produção, segurança ou coerência. Ou seja, não há o menor cabimento de considerar esta proposta como algo que mereça a exclusividade que o governo impõe. 1 a zero por enquanto.
2. Praticidade
A tomada tampouco propõe algum avanço prático, na verdade, faz exatamente o contrário – obriga toda uma população de 190 milhões a trocar todas suas tomadas e plugues elétricos para se adequar a este estúpido padrão. Não há dúvida de quem já usava eletricidade antes deste padrão irá ter uma tremenda dificuldade em se adaptar ao novo modelo, que não apresenta nenhuma vantagem para isso.
Tampouco facilita a vida de quem viaja, especialmente os estrangeiros que visitam o Brasil, pois o novo padrão é tão imbecil que impede que se use os milhares de adaptadores (agora antigos e obsoletos). O desenho é tão mal-intencionado que não permite aproveitar nada que havia, pois colocaram o terceiro pino (terra) deliberadamente entre os dois outros pinos para impedir a entrada (fase e neutro).
Algo importante de se observar, o Brasil não tem o hábito de utilizar o fio terra. É bem seguro apostar que não há nem 0,001% de residências brasileiras com a fiação terra instalada, que para funcionar direito requer um acréscimo de 30% em fiação interna, além de obra para instalar uma 4 hastes cobreadas e vários metros de cabo de cobre nu.
Quanto aos órgãos públicos, que são obrigados a seguir as normas de construção, é muito difícil encontrar algum, cuja fiação esteja conectada a aterramento de hastes de cobre – o normal é de apenas conectar essa fiação numa haste de ferro das fundações, que pouco funcionam. Sendo assim, PARA QUÊ SERVE ESSE PINO DO MEIO???
Por fim, quanto à praticidade, é importante observar que é um direito de todo cidadão adquirir equipamento eletrônico do exterior – notebooks e telas de LCD, por exemplo. O padrão-imbecil brasileiro não se adéqua – propositalmente – a nenhum outro padrão no mundo. Trata-se então de apenas mais uma dificuldade sem sentido.
Os principal padrão brasileiro prévio, que se encontra na maioria das residências, escritórios e comércios do Brasil servia tanto para o padrão americano quanto para o padrão latino, mas agora, nenhum serve. Quanta falta de praticidade! 2 a 0.
3. Mercado nacional
O padrão imposto pelo governo, que surpreendeu à grande maioria da população, representa um atraso de vida e de geração de renda, uma vez que todas as casas de 190 milhões de habitante, agora terão de se adequar, se pretendem comprar algum artigo novo que requer eletricidade.
Até o presente momento, nenhum aparelho celular vendido possui adaptador para essa monstruosidade, mas em breve, os quase 100 milhões de usuários terão de comprar um adaptador padrão-idiotinha se quiserem usar seus carregadores em locais públicos (tomara que façam como eu, boicotar essa safadeza e não se adequar à tomada, apenas ao adaptador).
Esta questão é grave, por se tratar de um imenso mercado de demanda, para uma óbvia estrutura de oferta, ainda em desenvolvimento. Por mais que as empresas interessadas em impor este padrão – as que subornaram muito para aprová-lo – estiverem preparadas para produzir essa nova imbecilidade, será difícil abastecer todo o Brasil num curto espaço de tempo.
O que isso significa? Significa que o mercado nacional terá de passar por um processo interno e externo desnecessário para se ajustar à nova determinação dos cretinos. Significa que uma pequena empresa, uma padaria por exemplo, terá de contratar um eletricista (+/- R$100 a diária) para trocar uma média de 15 tomadas e plugues (+/- R$ 150).
É evidente que nem todos necessitam trocar de imediato, pois poucos são os brasileiros que seguem à risca as tremendas cagadas do governo, mas em algum momento terão de acompanhar.
4. Economia nacional e ambiental
Pode parecer, para muitos, que este negócio da tomada padrão seja benéfico, mas na verdade é uma grande fraude, por parte de seletas empresas e do governo federal, que impõe algo que irá beneficiar algumas fortunas, mas também tem seu preço, pois significa jogar ao lixo as tomadas existentes (boa parte em perfeito estado) e substituí-las por peças da mesma composição, mas num custo para o país cerca de R$ 2 bilhões, completamente desnecessário e desmiolado.
Por outro lado, o ambiental, haverá se descartado aos lixões cerca de 200 milhões de toneladas de plástico misturado com peças de latão. Como o Brasil tem uma fraquíssima política de reciclagem, isso vai direto para os lixões e daqui a 100 anos irão se perguntar porque ainda não se inventou algo biodegradável e útil. Já é 4 a 0.
5. Interesses
Aqui vem a parte interessante. A quem interessa implementar este novo padrão? Obviamente quem vai lucrar são as poucas empresas que tem os direitos de produzir tal tomada, ainda, as poucas empresas que tem estrutura físico-financeira para tal empreendimento. Para impor este absurdo padrão, também tem interesse os corruptos funcionários do INMETRO, que fizeram passar este embuste, além dos distintos parlamentares que aprovaram a lei que nos obriga a jogar dinheiro pelo ladrão, literalmente.
Um padrão destes não interessa em nada a população, o comércio geral ou a indústria. Da parte do comércio, interessa apenas às empresas inescrupulosas que vêem no padrão a oportunidade de renovar seus estoques. A velha tomada, que vinha sendo vendida como um ‘padrão’ aceito por todos, (todos!) já representava um bom negócio, agora ficou maravilhoso, pois as vendas irão se multiplicar em muito.
Amanhã vou ter que ir a uma loja para comprar um adaptador, pois não penso me submeter a esta exigência nefasta – pois comprei um novo aparelho elétrico, que não posso usar, já que veio com plugue dessa nova tomada imbecil. Na minha casa não vai entrar essa tomada, por minhas convicções de não pactuar com a roubalheira deste país, mas com isso terei de sofrer um aborrecimento cada vez que compre um aparelho novo, ao menos vou ter que encher a dispensa dos adaptadores. Infelizmente, 5 a zero. Cinco a favor de corruptos políticos e empresários – zero a favor do Brasil.
Em conclusão, a população sequer sabe quando está sendo enganada, roubada e feita de idiota. Assim, ela apenas ‘fica sabendo’ quando e como o corrupto sistema assim o desejar, sem direito a opinar ou aceitar – apenas tem que submeter, como também é o termo usado quando se fazem as leis.